Qui, Out 31, 2024

Câmara aprova anistia a bombeiros e policiais militares

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (18), proposta que concede anistia a bombeiros e policiais militares de diversos estados por terem participado de movimentos de reivindicação por melhores salários e condições de trabalho. A matéria deve ser votada ainda pelo Senado.
O texto aprovado é o substitutivo da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado para o Projeto de Lei 177/15, dos deputados Edmilson Rodrigues (Psol-PA) e Cabo Daciolo (Psol-RJ).
Em sua versão inicial, o texto concedia anistia apenas aos policiais do estado do Pará, mas o substitutivo, de autoria da deputada Simone Morgado (PMDB-PA), incluiu também os estados do Amazonas, do Acre, do Mato Grosso do Sul, do Maranhão, de Alagoas, do Rio de Janeiro e da Paraíba.
Por meio de duas emendas de Plenário, do deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG), foi incluído também o estado do Paraná e a extensão da anistia aos crimes enquadrados segundo a Lei de Segurança Nacional (7.170/83).
A anistia valerá para os crimes previstos no Código Penal Militar entre o período de 13 de janeiro de 2010, data de publicação de outra lei de anistia (12.191/10), e a data de publicação da futura lei. Entretanto, crimes tipificados no Código Penal não são anistiados.
 
Movimentos reivindicatórios
O código militar proíbe os integrantes das corporações de fazerem movimentos reivindicatórios ou greve, assim como pune insubordinações. A nova anistia beneficia policiais que participaram de manifestações principalmente nos dois últimos anos.
O presidente da Associação Nacional de Praças (Anaspra), cabo Elisandro Lotin de Souza, acompanhou a votação em Brasília e comemorou a aprovação. Para ele, a nova anistia dá justiça a centenas de policiais e bombeiros militares que buscavam melhores condições de trabalho e de vida. "A conquista da anistia é o reconhecimento que os praças tem direito de reivindicar melhorais salariais e de condições de trabalho, apesar da legislação anacrônica não permirtir", afirmou Lotin. "Reintegrar esses militares às suas corporações e cancelar punições significa devolver seus direitos fundamentais, entre eles, os direitos humanos, que vem sendo negados aos profissionais da segurança pública nos quartéis Brasil afora."
 
As diretorias da Anaspra e das entidades estaduais de praças, entre elas Bahia e Amazonas, acompanharam toda a tramitação na Câmara. Os deputados estaduais Platiny Soares (PV-AM) e Soldado Tercio (Pros-PA) também fizeram contatos e percorreram os gabinetes dos parlamentares federais para conquistar a aprovação da anistia.
 
O deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG), liderança dos praças em Minas Gerais e anistiado pela mobilização em seu estado, ressaltou a importância da aprovação de mais um projeto de anistia. "Foi um dia extremamente importante para os policiais e bombeiros militares. Conseguimos aprovar um projeto de lei que garante a anistia aos policiais e bombeiros de vários estados, que para defender a cidadania e salário tiveram que ir às ruas e reivindicar, e seus comandantes e governadores não tiveram a responsabilidade de reconhecer, minimamente, os direitos."
 
Tramitação
 
A relatora do projeto ressaltou que o estado do Pará passou por um momento delicado no ano passado, quando a assembleia aprovou reajuste de cerca de 100% apenas para os oficiais, dando origem ao movimento dos policiais. “Vamos corrigir uma injustiça que está sendo causada neste momento aos líderes do movimento”, afirmou Simone Morgado.
Para o relator pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, deputado Alberto Fraga (DEM-DF), as penalidades são arbitrárias, provocando inclusive o cumprimento de penas em outro estado. “Não importa se os policiais usam fardas, eles têm de ser tratados como cidadãos de primeira categoria”, disse.
 
O relator pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, deputado João Campos (PSDB-GO), também apresentou parecer favorável ao projeto.
 
Para Edmilson Rodrigues, a anistia é um primeiro passo para que se mude a legislação e valorize os profissionais de segurança pública. “Muitos policiais moram na periferia e não podem combater o crime organizado de onde moram porque sabem que sua família correrá riscos”, afirmou, defendendo a construção de conjuntos habitacionais específicos que lhes deem maior segurança.
 
Um dos autores do PL 177, o deputado Cabo Daciolo chegou a ser preso em 2012, depois de liderar movimento grevista no Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Ele lembrou que a reivindicação, na época, era pela aprovação de proposta de emenda à Constituição que estabelece o piso salarial da categoria, que ainda não teve a análise concluída na Câmara.
 
 
Texto - Eduardo Piovesan/ Agência Câmara Notícias
Edição - Alexandre Silva Brandão / Jornalista Anaspra
Foto - Luis Macedo / Câmara dos Deputados

Imprimir  
Image
Image

Temos 553 visitantes e Nenhum membro online