Qui, Maio 9, 2024

Assassinatos, transtornos psicológicos e espancamentos vitimizam policiais e bombeiros

Mato Grosso (18/06/2018): "A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps, acusada da morte do aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, pode ser aposentada por invalidez devido ao afastamento contínuo para tratamento de saúde."

São Paulo e Rio de Janeiro (19/06/2018): "Espancamentos, banho em represa gelada e fezes no carro: os castigos a policiais de elite no Brasil"

Minas Gerais (18/06/18): "Cerca de 25% dos policiais militares são afastados do trabalho por problemas psicológicos, segundo a Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG). Entre os policiais civis, o índice é ainda maior: 33%, de acordo com o Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais (Sindpol)."

O que essas três notícias têm em comum, além de terem sido publicadas num período de dois dias em grandes veículos nacionais, é o fato de que o policial militar ter de conviver, além da insegurança pública generalizada, com a violência produzida dentro das próprias instituições e os problemas de saúde mental que todos esses fatores acarretam. Número oficiais levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam o total de policiais vítimas de homicídio entre 2009 e 2016. Foram 828 mortes de policiais em serviço e 2.172 assassinatos de policiais fora de serviço. Esse último número, mais relevante, pode apresentar dois aspectos: Primeiro, o policial está morrendo simplesmente pelo fato de ser policial. Uma verdadeira caça ao profissional. E, segundo, para suplementar sua renda, o policial acaba se obrigando a fazer um trabalho freelance (bico) na área de proteção e vigilância de particulares com condições de segurança e de apoio logístico muito aquém que os órgãos oficiais podem oferecer. Conforme noticiou o jornal O Tempo, 76% dos policiais já foram vítimas de ameaças em decorrência da profissão e 70% tiveram colegas mortos em serviço. “O atendimento de um policial em uma noite é assustador. Ele fica exposto a situações estressantes, toma decisões difíceis”, analisou o professor titular da Unicamp e especialista em psicologia do trabalho Roberto Heloani para o jornal mineiro. Outro número apontado pelo jornal é alarmante: uma pesquisa da UERJ aponta que o índice de suicídio de policiais é sete vezes maior que da população geral. Afora a vitimização dos profissionais no enfrentamento da marginalidade, os policiais são obrigados a conviver, desde o período de formação nas academias, com as violências físicas e os assédios morais e sexuais de todos os tipos. De acordo com reportagem da BBC Brasil, há unidades da polícia que, em uma espécie de punição paralela, tira do militar sua principal ferramenta de trabalho: "Segundo os agentes, o policial que recebe constantes punições pode sofrer penas tidas como graves, como perder o direito de levar a arma consigo durante a folga, por exemplo. Além de prejudicar a segurança pessoal do agente público, a restrição afetaria o moral do policial, acostumado a portar uma pistola mesmo fora do expediente." Não são apenas os policias que estão sujeitos a esse tipo de tratamento degradante dentro das corporações. Bombeiros militares também passam pelo mesmo suplício. Em 2008, um sargento do Corpo de Bombeiros morreu durante treinamento no Lago Paranoá, em Brasília. Segundo versão das testemunhas, "o sargento foi deixado por um barco a cerca de 500 metros da margem. No percurso, mergulhadores dos bombeiros, apelidados de ‘tubarões’, davam o que eles chamam de ‘caldo’, ou seja, dificultavam o nado, segurando e afundando o militar. Em um desses ‘caldos’, Nunes teria se afogado e não pôde ser reanimado." Mais recentemente, em 2016, um aluno-bombeiro morreu depois de passar mal durante um treinamento aquático. De acordo com o Ministério Público Estadual e publicado no portal G1, "o jovem foi submetido a intenso sofrimento físico e mental com uso de violência”. A atitude, segundo o MPE, teria sido a forma utilizada pela autoridade superior para punir o aluno pelo mal desempenho.


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